Descrição
Sob um céu fraturado por relâmpagos e poeira atômica, “O Último Monarca” congela um instante final. Esta não é uma cena de esperança, mas de aceitação; o último ato de amor nos escombros de um mundo desfeito. Duas figuras, seladas em seus trajes de proteção, compartilham um abraço final, enquanto o beijo, impossibilitado pelas máscaras, se torna um símbolo ainda mais poderoso de sua conexão.
A atmosfera da obra é carregada, construída com um fundo de aerógrafo que simula um céu tóxico e caótico. Os personagens, em silhueta, são definidos por contornos precisos e detalhes de tatuagens em vermelho, como cicatrizes de uma vida anterior. O elemento central, que dá nome à obra, é a borboleta Monarca. Pousada delicadamente no filtro de ar, ela é a testemunha silenciosa deste último suspiro — a beleza improvável no epicentro da aniquilação.
A arte é emoldurada por uma peça robusta de gesso, trabalhada em estilo rococó. O acabamento intencionalmente envelhecido, com suas falhas e pátina, não é um defeito, mas um eco da própria devastação retratada na cena. O uso do gesso, um material clássico e escultural, transforma o conjunto em um artefato que parece ter sido resgatado das ruínas de um museu, enquadrando a tragédia com uma beleza irônica e palpável.




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